“Como chef, eu jamais misturaria esses ingredientes em uma pizza, mas ainda assim, a combinação de sabores ficou surpreendentemente boa.”
“Como chef, eu jamais misturaria esses ingredientes em uma pizza, mas ainda assim, a combinação de sabores ficou surpreendentemente boa.”
Um dos pratos mais populares da Dodo Pizza em Dubai surgiu de uma fonte inesperada: a inteligência artificial. Spartak Arutyunyan, chef responsável pelo cardápio da rede, revelou que usou o ChatGPT para criar a receita que se tornou um verdadeiro sucesso entre os clientes.
A ideia era desenvolver uma pizza que representasse a diversidade cultural da cidade. Para isso, Arutyunyan recorreu ao chatbot da OpenAI, que sugeriu uma mistura ousada de ingredientes típicos de diferentes regiões. O resultado incluiu frango estilo shawarma, queijo paneer grelhado, zaatar e molho tahine. A combinação inusitada surpreendeu até o próprio chef.
Segundo ele, a mistura não seria algo que criaria por conta própria, mas, mesmo assim, o sabor agradou. A pizza continua no menu e tem ótima aceitação entre os consumidores.
Nem todas as ideias geradas pela IA, no entanto, passaram pelo crivo da cozinha. Entre as sugestões rejeitadas estavam uma pizza com morangos e macarrão, além de uma torta doce feita com mirtilos e cereal matinal.
O uso de inteligência artificial na gastronomia ainda levanta dúvidas entre profissionais do setor. Algumas experiências recentes mostram resultados pouco promissores. Em San Francisco, a BetterBlends, que apostava em smoothies personalizados com receitas geradas por IA, acabou fechando as portas por falta de adesão. Em Dallas, uma taqueria também testou sugestões do ChatGPT, mas não obteve sucesso consistente.
Apesar disso, há quem veja valor na tecnologia como apoio criativo. Venecia Willis, diretora culinária da Velvet Taco, relatou que a IA ajudou sua equipe a sair do bloqueio criativo em alguns momentos. Para ela, a ferramenta não substitui a intuição do cozinheiro, mas pode inspirar ideias fora do comum.
Outros especialistas são mais críticos. A linguista Emily Bender, da Universidade de Washington, afirmou que, se um chatbot consegue sugerir uma receita plausível, é porque ela já circula em algum lugar da internet. Para ela, isso reforça a limitação da IA em criar algo verdadeiramente original.